segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Médicos: os “vilões” da vez, por Heraldo Rocha



Estive analisando alguns textos essa semana e me peguei a pensar: porque só agora o Governo do PT resolveu contratar médicos estrangeiros para coloca-los em localidades onde não existe nenhuma infraestrutura básica pra qualquer profissional trabalhar. Porque só agora, depois das manifestações nas ruas, onde o povo pediu por mais saúde, mais educação e mais segurança pública é que o governo do PT que está há quase 12 anos no poder resolveu se mobilizar e atender a essa massa de brasileiros que não tem o mínimo em setores essenciais, uma vez que são esquecidos pelos poderes públicos?

Me parece, mais uma vez, repito, uma jogada de marketing para alavancar a popularidade combalida deste governo, assacado por diversas denúncias de corrupção, que cala diante de mensaleiros e que é leniente com todas as mazelas que atingem as camadas mais pobres da população brasileira. Mas para desviar o foco das atenções – já se vão meses sem que os mensaleiros condenados pela Justiça tenham sequer passado na porta de um presídio, ou que aliados presos são absolvidos pelo Congresso Nacional – os médicos são os “vilões”, a bola da vez, como se diz popularmente.

O discurso oficial é tentar fazer com que a população acredite que são os médicos que abandonaram o povo, traindo o juramento a Hipócrates, e não o governo. Passados 12 anos deste governo, porque não investiram na interiorização da saúde, construindo hospitais, ampliando leitos, levando equipamentos e profissionais, enfim, qualidade ao interior do Estado? Agora insurgem-se contra os médicos, como se a culpa pela falta de infraestrutura fosse nossa. Sim, também sou médico. Porque somente agora é que descobriram que, no interior, existem grandes vazios necessitando de profissionais da saúde?

Será que o “desprezo” dos médicos pelo brasileiro, pelo país, pelos menos favorecidos é tão grande que não existe apenas um de nós que queira se aventurar a ir para os rincões mais distante, sem a menor condição de trabalho para, abnegadamente, ver seus pacientes morrerem por falta de estrutura para prestar um atendimento razoavelmente digno?

Se vemos nos grandes centros o abandono dos hospitais públicos, lotados, com pacientes deitados no chão, se espaço, morrendo nas filas, imagine o que não está acontecendo nos rincões mais distantes que nem hospital público existe. Porque – insisto nessa questão – o próprio governo financia ônibus e vans para o famoso programa TFD (tratamento Fora do Domícilio) fazendo com que as rodoviárias são os principais mecanismos de assegurar tratamento digno a população interiorana? Com esse TFD, o governo não reconhece que a interiorização da saúde não existe? E a falha é dos médicos que não querem ir para o interior?

Outra questão chama nossa atenção: Porque esses profissionais estrangeiros estão vindo trabalhar no Brasil sem os mesmos direitos trabalhistas de qualquer cidadão nato, e, principalmente, sem passar pelo teste que qualquer médico formado no exterior faz ao querer trabalhar em nosso país para revalidar o diploma, o Programa Revalida?

Receio de submeter esses médicos às rígidas normas de conhecimentos sobre educação e saúde de nosso país?

Não consigo entender. Respeito todos os profissionais, de todas as áreas, que se habilitarem a nos ajudar a construir nosso país. Mas só não entendo porque esse tratamento diferenciado para uns. O governo se responsabilizará por tudo o que venha a ocorrer com os pacientes desses médicos que não foram testados pelo próprio governo? Eis a questão!

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