terça-feira, 17 de maio de 2016

Sobre os primeiros dias do governo Michel Temer

"Por lógica ponderativa, primeiramente cabe avaliar a figura do comandante Michel Temer, a quem tenho inquietações no tocante a seu posicionamento espectro político, mas nada que venha abalar ou ameaçar a sua potencialidade de gestor, na qual destaco características e precedentes positivos para a condição de chefe de estado " 



Antes de mais nada, torna-se válido esclarecer que não votei no próprio e obviamente não foi a minha vontade expressa nas urnas, diferentemente de quem digitou e confirmou "13" e automaticamente o elegeu legítmo sucessor ao magno cargo da nação no derradeiro processo eleitoral presidencial. 

Quis assim que, não o destino, mas a incapacidade política e administrativa de Dilma Roussef, reverberada por uma plena e inimaginável crise , levasse o país a um verdadeiro caos gerencial , tendo o seu clímax com a admissibilidade do então processo de impeachment no senado - legítimo e constitucional - que culminou recentemente no seu afastamento.

Por prudência , esperei por alguns dias - inclusive para estudar de forma objetiva, sobretudo , antes mesmo, de forma peculiar , o perfil de cada ministro e as plataformas do novo "modus operandi" governamental - para aí sim , destrinchar um crítica racional e tempestiva acerca da nova equipe de governo. 

Por lógica ponderativa , primeiramente cabe avaliar a figura do comandante Michel Temer, a quem tenho inquietações no tocante a seu posicionamento espectro político, mas nada que venha abalar ou ameaçar a sua potencialidade de gestor, na qual destaco características e precedentes positivos para a condição de chefe de estado, como : a sua dialogicidade ( por mais introspectivo que pareça ser), seu pragmatismo , seu exímio conhecimento jurídico na seara constitucional e suas experiências no mundo político, a exemplo do exercício por 3 vezes da presidência da câmara dos deputados e sua última passagem como vice presidente da república por duas vezes.

Quanto aos seus comandados , de um modo geral, identifico uma equipe técnica e qualificada, que reúne todas as qualidades para a realização de um plausível governo "tampão" ( curiosamente o 13º da nossa história republicana) diante do cenário instável que clama por "união e salvação nacional".Destaco aqui nomes importantes no alto escalão, como o de Romero Jucá ( PMDB /RS) para o ministério do planejamento desenvolvimento e gestão, longe de ser o meu preferido para a pasta, mas um bom articulador e que reúne diante do atual contexto "características chaves" para manter uma boa relação com o congresso nacional. Fator indispensável para a manutenção da governabilidade.
Alexandre de Moraes ( PSDB/SP) para o ministério da justiça , a quem tenho grande admiração pelo perfil firme e seguro, de louvável e recente passagem no comando da segurança pública do estado de São Paulo. Nome oportuno e estratégico diante de um possível e iminente contexto de crise na ordem pública. 

Mendonça Filho ( DEM/PE), para educação, que dirige a pasta que considero a mais importante em qualquer governo. Figura que agrega contundentes qualificações, inclusive ideológicas- de formação liberal - necessárias para a quebra do uso proselentista e doutrinário da pasta gerida por nocivos antecessores nos seus últimos anos. 

José Serra (PSDB / SP) no ministério das relações exteriores, ao qual inicialmente enxerguei com estranheza para tal designação , mas que já mostrou para que veio, deixando claro que não compactuará com governos de linhas e tendências totalitárias, o que ajudará a resgatar nossa confiabilidade externa , sobretudo no que tange a atração de investimentos pelo zelo para com princípios da democracia de direito.

E por fim, o nome de Henrique Meireles para a Fazenda. Distante também de ser o nome ideal, na minha ótica, contudo , bem quisto pelo mercado financeiro ( o que realmente importa nesse momento) . Ele foi presidente do Banco Central durante os dois governos do ex-presidente Lula (2003-2010) e é lembrado pelo controle da inflação no período e a precisão para ajustar juros num momento de crescimento econômico. Nas suas mãos está o maior "abacaxi" de todos : a economia- área que precede todas as demais - e já anuncia posturas louváveis, a exemplo da aversão à ideia de voltar com a CPMF , optando por uma política de saneamento das finanças por meio de atitude austeras quanto as despesas institucionais , sem a necessidade de aumento de impostos. Concomitante a isso, reconhece a urgência na necessidade de crescimento do setor produtivo. Até agora nada concreto e consistente, nenhum pacote real de medidas apresentado. Creio eu que esteja esperando a complementação da equipe até o fim desta semana para que saia algum planejamento estratégico sólido. 

Conclamo enxergando a real e impreterível necessidade de união de esforços. Não há mais espaços para "lutas", segregações ou vaidades partidárias , políticas e pessoais diante do delicado momento que vivemos. Precisamos rumar o barco em direção ao vento favorável, remando junto com a correnteza para chegar mais rápido em terras firmes e estáveis.


Que Deus abençoe o Brasil !



Diego Castro